60 ANOS DE DANÇAS
DRAMÁTICAS DO BRASIL
Palestra de Cacá Machado focaliza o livro pioneiro de
Mário de Andrade
Manifestações estudadas por Mário continuam presentes na cultura popular
brasileira
Em 2019, completam-se 60
anos da publicação do livro Danças
Dramáticas do Brasil, de Mário de Andrade, organizado por Oneyda Alvarenga,
que reúne os estudos do escritor sobre as danças dramáticas brasileiras,
integrantes da cultura popular do país. Para discutir o tema, a Casa Mário de
Andrade oferece uma palestra no dia 9 de fevereiro, com o reconhecido
compositor e pesquisador Cacá Machado, professor da UNICAMP.
O livro é estruturado
em três volumes. No primeiro, há uma explicação sobre o que são as danças
dramáticas e como seus temas são majoritariamente de caráter religioso: “(...)
O assunto de cada bailado é conjuntamente profano e religioso, nisso de
representar ao mesmo tempo um fator prático, imediatamente condicionado a uma
transfiguração religiosa.”. Outro tema tratado é a Chegança, antiga dança
dramática, cujos movimentos relembram as disputas entre cristãos e mouros no
início na monarquia portuguesa.
No segundo volume,
Mário discorre principalmente sobre os Congos e o Maracatu, danças de matriz
africana. A Congada é constituída por um cortejo, cuja encenação principal é a
coroação dos antigos reis do Congo. Apresenta elementos da cultura e
religiosidade africana (Congo e Angola, principalmente) e portuguesa.
O maracatu surge
provavelmente entre os séculos XVII e XVIII, onde hoje é o
Estado de Pernambuco, sendo resultado do contato entre culturas ameríndias, africanas e europeias. Os maracatus
pernambucanos representam o que foram os Congos e Congadas coloniais, tendo
como característica seu modo de dançar.
Por último, no
terceiro tomo, o autor disserta sobre o Bumba-Meu-Boi e o Moçambique.
O Bumba-Meu-Boi é uma
das festas folclóricas mais tradicionais do Brasil e acredita-se que o festejo
teve origem no Nordeste no século XVII, durante o Ciclo do Gado, quando o boi
tinha grande importância econômica no país. Nessa encenação, semelhante a um auto,
misturam-se danças, músicas e teatro. Desde 2011, a manifestação é
considerada Patrimônio Cultural do Brasil pelo IPHAN, Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional. Para assistir um vídeo elaborado pelo IPHAN
sobre o Bumba-Meu-Boi maranhense, clique aqui.
Já o Moçambique estrutura-se
como uma dança dramática semelhante ao maracatu, sendo um cortejo que, em
determinadas épocas do ano, vagueia pelas ruas parando para dançar na frente
das casas. A dança consiste em duas fileiras compostas por pessoas vestidas de
branco e com chapéus que levam fitas ou medalhas de santos, além dos bastões
nas mãos e os paiás – chocalhos amarrados nas pernas. As vestimentas podem
trazer referências sobre Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa
Efigênia. A dança é executada ao som de instrumentos, tais como: caixa, viola,
sanfona, violão e cavaquinho. Junto aos músicos, ficam o rei e a rainha do Moçambique
que conduzem a bandeira do grupo.
É importante destacar que as manifestações estudadas por Mário de Andrade ainda estão presentes na cultura popular brasileira e, atualmente, algumas delas constituem festas tradicionais de várias regiões do Brasil.
Foto: Clara Angeleas / MinC
Serviço:
Palestra
60 anos de Danças Dramáticas do Brasil
Por
Cacá Machado
Sábado,
9 de fevereiro, das 16h às 18h
Para maiores informações, clique aqui
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